sábado, 10 de setembro de 2011

"...eu nasci diferente!"

Desde pequeno sempre me senti diferente, a começar pelos gosto, meus irmãos gostavam de empinar pipa, jogar bola, estiligue e tal, eu não sei, não achava engraçado fica segurando uma pipa no ar, não via graça em correr atrás de uma bola, achava terrivel matar passarinhos com estilingue. Me lembro até hoje, quanto mais eu tentava parecer normal mais confuso eu ficava, me sentia um estranho, parecia que eu estava nesse planeta por engano, não adiantava eu tentar copiar os outros, achava tudo tão sem graça.
Eu não tinha noção do que eu sentia, do que eu era, do que eu viria ser, me sentia perdido, confuso, com medo de ser visto como doente ou da minha familia ter vergonha de mim, queria ser apenas eu, mas nem eu sabia o que queria ser. Em quanto os outros meninos brincavam entre si, eu me dava melhor nas brincadeiras das meninas, era divertido, pega - pega, pique esconde, pula corda e por ai vai, eu odiava me sujar, achava ridiculo.
Me lembro da hora de dormi, uma senhora sentava no corredor, abria um livro grande, lia Chapéuzinho Vermelho, A Bela Adormecida, Rapunzell e por ai vai, o mais estranho dessas histórias é que embora a princesa fosse tida como linda, formosa e de uma personalidade encantadora eu admirava os principes, corajosos montados em cavalos brancos, enfrentando bruxas más, dragões enormes e medonhos.
Me lembro a primeira vez que senti algo diferente em relação a um menino, sei descrever completamente os traços fisicos dele, o nome, pensava nele sem a minima conciência de sexo, de algo relativo a isso, eu apenas queria estar com ele. O mais estranho é que eu não sentia que era algo errado, apenas o queria bem, mais bem que os outros, queria abraçar, fazer carinho, fala eu te amo, coisas assim.
Eu mal sabia escrever, guardei pra mim o sentimento e depois de um tempo a vida separou a gente, mas foi dali que eu passei descobri no que eu realmente era diferente, inôcentemente sempre lembrei dele. Quando ele foi embora fiquei mal, triste, não sabia porque sentia aquilo, porque a partida dele me doia mais do que a partida de outras pessoas, lembro que no outro dia vaguei sozinho pelas ruas perto de casa chateado por ter perdido ele.

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